Capítulo 03
Os projéteis zumbiam cortando o ar, ora sumindo na escuridão, ora penetrando violentamente nos objetos que encontravam pela frente. Os tiros ecoavam pela rua deserta. Pistolas, fuzis e metralhadoras cuspiam incessantemente, perfurando tudo pela frente. Os estilhaços dos vidros já se acumulavam próximos às viaturas alvejadas. Dentro do edifício, viam-se apenas lampejos das armas disparando no escuro e do outro lado, deitado no asfalto em meio àquela guerra e tentando se proteger, Tício falava ao celular. Continue lendo...
Seria possível? Quanto tempo estive desmaiada? - pensou enquanto caminhava atônita ao redor da casa.
Enquanto isso, Sarah não ouviu nada além do tom de ocupado no celular, a ligação terminara. Lembrando do que passou, viu que estava deitava em uma cama junto à parede suja do minúsculo quarto. Arregalou bem os olhos e aguçou seus ouvidos, mas não percebeu ninguém no casebre. Já de pé na sala, constatou que algum aparelho eletrônico havia sido retirado, pois só restavam fios partidos que desciam do teto. Fora da casa, o céu estava cinza e a aurora se aproximava.
Nos fundos havia pegadas profundas no massapê encharcado pelo orvalho e fazia frio. Já era possível ver com dificuldade os contornos das enormes lavouras que sumiam no horizonte colinoso à sua frente. O rastro humano marcado no barro, seguia até uma outra trilha. Por achar que sua única chance era fazer contato com quem havia estado ali, seguiu acelerado canavial a dentro. A alta vegetação se coloria a cada novo raio de sol, que também avermelhava o solo daquela sinuosa vereda.
Um grito longo e desesparado de mulher, com uma terrível expressão de dor, acelerou subtamente os batimentos de Sarah, que sentia o corpo inteiro pulsar. Porém, não foi o único. Alguém, não muito longe, sofria e gritava muito. À sua cabeça vinheram diversas hipóteses do que seria aquela gritaria, mas optou por crer na agressão de alguma coitada e se pôs a correr. A vegetação passava rapidamente ao seu lado. A cada pisada na lama, uma explosão de gotas no ar. Sua respiração sofria com o ar gélido daquele início de manhã. Pelo caminho havia um pedaço de tecido e em seguida, manchas vermelhas, que imaginou serem de sangue.
Mesmo exaurida, deslocou-me ainda mais rápido em direção aos berros, quando avistou aquela cena brutal que faria qualquer mulher ter pesadelos pelo resto da vida. Quase entrou em estado de choque: uma menina, deitada por baixo, era estuprada violentamente. O agressor apoiava-se sobre os braços da pequena, imobilizando-a. Ele praticava o ato com prazer, pois parecia se deleitar ao ver o sofrimento daquela jovem, que era possuída à força e, por sua pueril expresão, com muita dor. Sarah ficou apavorada, não sabia o que fazer. Na cintura do estuprador havia uma faca que se destacava nas suas costas e eles pareciam que ainda não haviam notado sua presença.
- Meus Deus, o que eu faço? - pensou, chorando de desespero.
Continua no Capítulo 04.
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